Diário Mágico

É comum encontrar em várias culturas envolvidas com práticas mágicas o uso de um diário mágico. A maioria das culturas celtas chama de Livro das Sombras, alguns chamam de Diário de Navegação e outros chamam de Diário Mágico. Obviamente outros nomes devem existir, mas o importante é a utilização.

Um Diário Mágico ou D.M. é utilizado por qualquer praticante para relatar suas práticas e conclusões com detalhes na intenção de auxiliar a identificar novas sensibilidades, interpretações erradas ou corretas para novos sentidos recém desenvolvidos ou mesmo para acompanhar a evolução de uma nova habilidade.

Ao contrário do que muitos pensam, um D.M. não tem a função de ser escrito para ser guardado de recordação, mas ainda que seja guardado, a verdadeira função de um D.M. é uma referência quase científica da evolução do próprio magista e deve conter os detalhes necessários para que ao relê-lo o magista possa compreender em que circunstâncias suas habilidades oferecem limites e quais seriam esses limites, ou de que forma ele obtém maior resultado para aquele objetivo, e comparando as informações listadas em um D.M. o magista acaba concluindo porque em tal dia ele conseguiu algo que não conseguiu no dia seguinte ou porque algo que ele sempre fez com facilidade não funcionou em tal ocasião.

Estas conclusões também devem ser anotadas para posterior revisão e talvez até correção em prol da evolução do magista. Para que o magista possa encontrar de forma precisa as conclusões que auxiliarão sua evolução mágica ele precisará ter paciência, constância e perseverança para anotar o maior número possível de detalhes de forma organizada. Tais informações variam de pessoa para pessoa, mas existe um básico que deve ser mantido para que seja possível para o magista fazer associações e neste interesse a padronização é de grande funcionalidade.

 

A Data

A data deve ser uma informação bem destacada e deve conter ao menos dia e mês, talvez também o ano, ou quem sabe, até o dia da semana, mas cada dia deve ficar separado do anterior de alguma maneira nítida, seja por uma troca de página ou por uma linha pulada antes da data bem destacada do dia seguinte.

 

A Prática

Cada exercício praticado deve ser separado dos demais ao menos por um espaço (uma linha pulada, por exemplo) e deve conter duas partes: O Cabeçalho e O Relato

 

O Cabeçalho

Contém as informações básicas resumidas e organizadas preferencialmente na mesma ordem e deve indicar qual exercício foi realizado e em que condições ele foi realizado. As principais informações que devem estar contidas em um cabeçalho são:

 

1 – Título:

É o nome do exercício ou da atividade realizada. Pode ser uma sigla ou uma palavra que faça o magista saber qual foi a atividade realizada.

Ex.1: O magista realizou um banimento específico que ele conhece pelo nome de Rubi Estrela, o título poderá ser “Rubi Estrela” poderá ser só “Rubi” ou até “R.E.”, mas deverá ser compreensível ao magista numa releitura.

Ex.2: O Magista leu um livro e em determinado trecho teve um insight e decidiu anotar em seu diário para futura referência, então ele pode usar o título “Livro: Tal” ou “Leitura: “tal” ou “tal” e o importante é que numa releitura futura ele saiba de onde veio aquela conclusão ainda que para tal ele tenha que especificar página e autor do livro, mas isso depende de cada um.

Ex.3: O magista está distraidamente andando pela rua quando tem uma sensação estranha, um tipo de pressentimento e não é capaz, naquele instante de definir o que aquilo significa ou sequer se significa alguma coisa, então ele decide anotar em seu D.M. para futuras referências e poderá escolher qualquer título que lhe pareça conveniente como “sensação estranha” ou “premonição” ou “pressentimento” ou algo que de sua preferência que lhe permita compreensão futura.

 

2 – Hora:

A informação do horário do fato relatado é importante pois permite saber a duração de uma prática ou mesmo a hora do dia em que algo ocorreu e posteriormente pode-se associar sucessos e fracassos ou com o momento do dia ou com a duração maior ou menor de tal prática ou sensação. Existem 3 maneiras de registrar a hora; a primeira é registrar hora: minuto inicial e hora: minuto final e esta forma é desejável para todos os relatos, não sendo utilizada apenas quando não for possível. A segunda forma é utilizar um cronômetro e anotar a duração da prática indicando minuto e segundo, mas esta maneira não é conveniente para ser utilizada sozinha e deve, quando utilizada, estar acompanhada de outra maneira mais precisa que indique a hora em que o fato ocorreu; e a terceira é a aproximação do horário médio da prática ou horário de início para um fato simples como uma sensação.

 

3 – Estado Físico:

Abreviado por “EF”, é o detalhamento do estado fisiológico do corpo do magista, seja cansado, doendo em tal lugar, mancando, depois de um orgasmo ou mesmo bêbado. O estado físico pode ser descrito em uma única palavra padronizada pelo magista, por um código próprio ou até por uma descrição inventada na hora, o importante é que numa releitura o magista saiba exatamente o que estava sentindo em seu corpo no momento inicial daquele relato.

 

4 – Estado Emocional:

Abreviado por “EE”, é o detalhamento dos sentimentos do magista no início da prática em questão, seja magoado, triste, com saudade de fulano, com raiva de beltrano, deprimido porque ciclano me largou, ou mesmo pensando se ela volta pra mim. O estado emocional, assim como o físico, deve ser descrito de forma clara e compreensiva em uma releitura futura e pode até contar a história de como você chegou na casa da sua amiga de surpresa e pegou ela na cama com seu namorado para justificar a sua raiva. Esta descrição emocional pode também fazer referência a várias emoções juntas e pode citar uma mistura emocional ou um meio termo entre raiva e decepção ou tesão e sentimento de traição.

Tanto no EF como no EE a objetividade pode ser usada, mas deve-se saber que objetividade demais prejudica uma compreensão futura. Deve-se também evitar a palavra “normal” para definir qualquer um dos dois estados, mas muitas vezes, quando não identificamos a emoção ou uma circunstância física poderemos recorrer a esta palavra para indicar que nada diferente do usual foi detectado. Esta própria prática de auto análise pode ser utilizada como exercício uma vez que ajuda a aumentar a sensibilidade consciente sobre a percepção que o magista possui de si mesmo. Outras informações podem ser adicionadas ao cabeçalho de acordo com as preferências do magista. Algumas sugestões interessantes são o local, nível de energia ou participantes, para o caso de atividades em grupo. qualquer outra informação pode ser inventada pelo magista para identificar algum fator que ele tenha interesse em monitorar, mas seja como for, o cabeçalho de uma prática deve ser interpretado como o painel de um carro onde as informações mostradas servem para monitorar o que está acontecendo com o carro e fora dele.

Na prática, é muito comum o magista perceber ou fazer algo espontaneamente e anotar em seu D.M. apenas como cabeçalho, apenas a hora aproximada do evento, mas neste caso, o magista deve ter consciência que ele não terá meios de relacionar o fato com as circunstâncias internas e externas ao magista naquele momento.

 

5 – O Relato:

O relato consiste da descrição detalhada do que ocorreu incluindo ações, sensações e mudanças no EF e no EE. O relato não deve ser resumido e precisa conter o maior número possível de informações do que foi percebido durante a atividade relatada e mesmo pensamentos e conclusões que tenham ocorrido na mente do magista.

Em atividades em grupo o magista deve detalhar o que percebeu nos outros ou quem fez o que e pode até mesmo colocar o resultado de uma conversa com os outros participantes explicando que ele sentiu isso, mas fulano falou que sentiu aquilo.

No caso de atividades sexuais o magista deve relatar se o parceiro sabia da prática ou não e se o parceiro sabia é interessante relatar a opinião deste e marcar os pontos comuns e diferentes entre a sua opinião e a do parceiro, ou mesmo no caso de não haver parceiro o maior número possível de sensações deve ser relatado, seja uma mentalização durante o ato ou apenas o desenvolvimento de técnicas tântricas.

Em consultas a oráculos como Tarot e Runas, a descrição deve conter as perguntas e os símbolos em resposta e não as respostas interpretadas, e se forem feitas várias perguntas, todas elas poderão estar contidas no relato de uma mesma prática que tenha como título o oráculo usado.

Pode-se também colocar a interpretação feita como observação para que num futuro, ao reler a interpretação feita naquele momento e comparar com os fatos que a sucederam as correções possam ser feitas de maneira a aumentar a precisão de interpretação do magista a respeito daquele oráculo, mas é importante conter os símbolos que foram retirados como respostas pois muitas vezes os símbolos estão corretos mas a interpretação está muito longe dos fatos.

Se o cabeçalho tiver sido reduzido apenas a um horário aproximado, o magista deve tentar compensar isso dando mais detalhes sobre fatores externos presentes.

Segue abaixo um exemplo em branco e padronizado para uso do magista, contendo um dia com duas práticas:

Dia/Mês [Dia Semana]
Título
hh:mm – hh:mm (hora inicial – hora final [duração])
EF:
EE:
Relato:

 

Título
hh:mm – hh:mm (hora inicial – hora final [duração])
EF:
EE:
Relato:

 

Usando o D.M.

É interessante observar que a simples prática de possuir um D.M. aumenta a capacidade de persistência e perseverança do indivíduo, logo, quanto mais o indivíduo se dedicar a preencher seu D.M. com informações detalhadas, mais ele aprende inconscientemente a analisar as situações e sensações que ocorrem com ele e ao seu redor.

Este D.M. deve estar presente com o magista a todo momento, sendo levado em forma de agenda na bolsa de uma mulher ou na forma de caderninho no bolso de um homem, e exatamente por isso, é muito interessante que o magista se habitue a fazer rascunhos em cadernos agendas ou folhas que carregue consigo para passar a limpo para o seu D.M. no fim do dia de maneira a que sua fonte de referência esteja sempre em bom estado e longe de olhares indesejados.

Por fim, no caso do magista decidir guardar o D.M., ele deve lembrar de colocar em algum lugar do caderno, seja em etiqueta na capa, seja em alguma página, a informação de período em que aquele D.M. foi usado, por exemplo “2017 Nov – 2018 Fev” ou “2017 Jun/Out” ou “D.M. – 1” ou qualquer outro tipo de informação da preferência do magista.